A
turma de Guia de Turismo recebeu uma proposta do docente Fabricio Medeiros de
desenvolver uma feira de cultura africana para abordar a evolução da matriz
africana na cultura brasileira com destaque na cultura da cidade de Piracicaba
e região.
A intenção da feira era para que as pessoas conhecessem a cultura
através de palestras e apresentações de grupos envolvidos com movimentos da
cultura africana.
Começamos
a discutir sobre o evento no começo de outubro, fizemos pesquisas de
grupos em Piracicaba e região que abordava o tema da nossa feira, e após as
pesquisas entramos em contato com essas pessoas para convida-los a participar
da nossa feira fazendo apresentações e palestras no período da noite,
pois no período da tarde fizemos um guiamento com duração de 30m pelos andares
do Senac, apresentando a história dos grupos convidados, como: Samba lenço,
Maracatu, Dança Afro, Batuque de umbigada, Capoeira Angola, Casa do Hip Hop e
Congada.
A
feira foi realizada na unidade SENAC – Piracicaba nos dias 10, 11 e 12 denovembro de 2015 com dois horários, sendo 13:30 ás 17:30 e 19:00 ás 21:30 tendo
atrações distintas.
Guiamento
Hall de entrada: houve uma breve
apresentação sobre o tema que abordava a SenAfro.
5º andar: Os alunos falaram
curiosidades sobre palavras de origem africana, a história do Batuque de
Umbigada e a Dança Afro.
Totem usado no 5° andar com imagens para a apresentação do guiamento
Desenhos feitos pelos alunos Dieme Cananda e João Lucas Kabelo
Batuque de Umbigada: O processo de deslocamento
das populações negras do campo para as cidades iniciado após a abolição trouxe
muitas danças ancestrais para as periferias da região Sudeste. O “Batuque de
umbigada” dança originária da África trazida ao Brasil pelos escravos nos
navios negreiros na época de colonização e instalada na região do Médio Tietê, é
uma manifestação que vem sendo preservada e transmitida por gerações.
Dança que assemelha o movimento do corpo com o axé e a
capoeira tem como principal função festejar a fertilidade. O Batuque de
Umbigada, também chamado caiumba ou tambu, é uma dança trazida por negros
bantos que trabalharam na cultura da cana e do café, em São Paulo
Dança Afro: A dança é uma das maiores representações de uma
cultura popular, ela “pode ser maior que reunião de técnicas, quando se propõe
a ser instrumento de transformação social e difusão histórico cultural”.
A dança afro surgiu no Brasil
no período colonial, foi trazida por africanos retirados do seu país de origem
para realizarem trabalho escravocrata em solo brasileiro. Esse estilo de dança
foi registrado primeiramente na composição de religiões africanas e começou a
se fortalecer em meados do século XIX com a ajuda das tribos: sudaneses; bantos
(dois povos situados em território africano) e os indígenas, que foram
responsáveis pela criação do candomblé e de outros segmentos regionais que
deram origem à dança dos caboclos e outros aspectos da cultura africana.
A diversidade de ritmos culturais existentes hoje, foi oriunda de uma miscigenação que
desenvolveu a identidade cultural do Brasil. Ao longo dos anos a dança de
origem africana começou a ser modelada e encaminhada a diferentes estados.
A sua trajetória teve início com o fim da
escravidão, e em meados dos anos 20 e 30 do século passado, os negros começam a
migrar para o Rio de Janeiro deixando marcas do samba e umbanda no estado que contribuiu com a fixação e a valorização de raízes
da mestiçagem projetada no país.
4º andar: Apresentação sobre a
história da Capoeira Angola, Congada e o Samba de Lenço.
Totem usado no 4° andar com imagens para a apresentação do guiamento
Capoeira Angola: A capoeira é Afro-Brasileira, pois a dança
é de origem africana, e a luta deu início no Brasil para proteção pessoal dos
escravos que trabalhavam em lavouras. Mesmo com a falta de documentações é a
Capoeira Angola que nos poucos registros que há, podemos considera-la a
capoeira mãe, oriunda por Mestre Pastinha. A expressão capoeira Angola é de
origem africana, mais precisamente da Ilha de Lubango, na aldeia dos
MUCOPES, localizada no sul de Angolas, pois em registros são os primeiros a
adaptarem golpes de luta na dança africana devido ao ritual EFUNDULA, porém não
era de costume usar a arte para defesa pessoal porque era somente uma vez no
ano que ocorria o ritual, foi a partir da escravidão no Brasil que foi
desenvolvido essa arte, pois se tornou um meio de defesa para os escravos.
A capoeira Angola, tem fortes
características como o jogo, dança, música a brincadeira e a busca pela
ancestralidade, possuindo em regra movimentos mais lentos, rasteiros e lúdicos.
Assim, ao praticar a Capoeira Angola estamos nos propondo a interagir
individualmente e coletivamente. A reflexão é importante para a formação do
capoeirista, quanto o treino e o jogo de capoeira. E as roupas são calças
largas, camisetas brancas e sapato.
Obs: Nós do Dinastia Turística apresentamos sobre a Capoeira Angola na SenAfro, e todo conteúdo apresentado conseguimos através do Mestre Zequinha, agendamos um horário e fomos até a Escola de Capoeira Raiz de Angola.
Congada: Congada, congado ou
também conhecido como congo, é uma manifestação cultural e religiosa de
influência africana celebrada em algumas regiões do Brasil. Originou-se na
África no país do Congo, inspirando-se no Cortejo aos Reis Congos que era uma
expressão de agradecimento do povo aos seus governantes. Ao receber a
colonização portuguesa, vários africanos foram trazidos para o Brasil para
serem escravos e acabaram trazendo esta tradição e mesclando com a cultura
local.
É uma dança que representa a coroação
do rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado que recebe o nome de
terno. Durante as festividades há cavalgadas, levantamento de mastros e música.
Os instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, o pandeiro,
reco-reco, cavaquinho, tarol, o tamborim, a sanfona ou acordeon. Ocorre em
várias festividades ao longo do ano, principalmente em festas de Nossa Senhora
do Rosário. O ponto alto da festa é a coroação do rei do Congo.
Na celebração, as bandeiras dos
ternos possuem imagens de santos como São Benedito, Santa Efigênia, e também há
ternos de congo que fazem aclamação a Princesa Isabel. Os ternos animam por
onde o cortejo passa, há muita dança, batuque de zabumba, canto e alegria. Nos
ternos há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais,
capitães, etc.
Samba de Lenço: O
Samba de Lenço tem origem africana e veio para o Brasil com os negros escravos.
É dançado por homens e mulheres. Faz-se uma fileira de homens e uma de
mulheres, ambos os grupos trazendo às mãos um lenço cada um, com o qual se tira
o par para dançar. Segundo os mais antigos, no Brasil, as mulheres usavam saias
godês muito rodadas e os homens, roupas às vezes simples, porém sempre
respeitosas para a época (calça e camisa). Os instrumentos utilizados para o
Samba de Lenço são um tambor, chamado de caixa e feito de madeira de ximbó ou
cedro e couro para a boca do instrumento; um tamborim, tipo de pandeiro
especial e próprio; e o chocalho, também preparado artesanalmente. Tanto a
caixa quanto o tamborim são aquecidos ao fogo para dar afinação. As modas de Samba de Lenço podem ser cantadas de improviso ou
serem entoadas modas já prontas, mais antigas. A cultura do Samba de Lenço
estava adormecida em Piracicaba havia aproximadamente 30 anos, mantida em
festas particulares pelo senhor Antônio Carlos Ferraz, que, hoje, já falecido,
é o mais antigo representante dessa tradição. O Grupo de Samba de Lenço Mestre
Antônio Carlos Ferrazé composto por familiares do mesmo e simpatizante. O grupo
se apresenta publicamente, em oficinas, na cidade de Piracicaba e em toda a
região. É coordenado por Ediana Maria Arruda Raetano, neta do senhor Antônio
Carlos Ferraz e pelo senhor Benedicto Luís do Prado, genro do mesmo, o único
tocador abalizado e experiente da dança na cidade.
2° andar: Apresentação sobre a
história do Maracatu e a Casa do Hip Hop.
Totem usado no 2° andar com imagens para a apresentação do guiamento
Maracatu: O Maracatu de Baque Virado ou Maracatu Nação é uma manifestação
da cultura popular brasileira, afrodescendente. Surgiu durante o período
escravocrata, provavelmente entre os séculos XVII e XVIII, onde hoje é o Estado de Pernambuco, principalmente
nas cidades de Recife, Olinda e Igarassu. Como a maioria das manifestações populares
do país, é uma mistura de culturas ameríndias, africanas
europeias.
Apesar de existirem muitas visões, histórias e
hipóteses diferentes, a explicação mais difundida entre os estudiosos acerca da
origem do Maracatu Nação é a de que ele teria surgido a partir das coroações e
autos do Rei do Congo, prática implantada no Brasil supostamente pelos
colonizadores portugueses e, por consequência, permitida pelos senhores de escravos.
Casa do Hip
Hop: A associação Comunitária,
Cultural, Educacional e Política a Casa de Cultura Hip Hop de Piracicaba é uma
ONG instituída em 2009 . A organização atendemos cerca de 300 crianças e
jovens com atividades de arte, cultura, comunicação, esporte, lazer, cidadania
e educação para o trabalho á partir dos 5 elementos da cultura hip hop Grafite,
Dj, breaking dance, Mc’ e Consciência. A metodologia da CASA é pautada na
educação integral em prol do fortalecimento das famílias e comunidades. Todas as ações da Casa de Cultura Hip Hop de
Piracicaba são pautados pela Convenção Internacional
dos Direitos da Criança (ONU, 1989), Constituição Federal
Brasileira (1989), Estatuto da Criança e do
Adolescentes (1990) e Estatuto da Igualdade
Racial.
Biblioteca: O guiamento era finalizado na biblioteca
da unidade, pois além do evento SenAfro, ocorreu a Feira de Troca de Livros, e nessa edição, alguns dos grandes escritores clássicos
brasileiros, descendentes de negros, como Machado de Assis, Cruz e Souza, Lima
Barreto, Luis Gama e José do Patrocínio foram homenageados com a exposição de
suas obras. O tema foi escolhido para disseminar o trabalho destas grandes
figuras da literatura e da história no mês em que se comemora a Consciência
Negra, lembrando a morte de Zumbi dos Palmares.
Placas divertidas com frases e poemas dos escritores
foram distribuídas e no som ambiente do Senac as músicas de artistas negros foram reproduzidas durante o evento. Além disso, foi distribuída aos visitantes
uma frase dos autores homenageados.
Terça-Feira 10/11/2015 - Primeiro dia da SenAfro
A feira teve início com o guiamento pelos andares as 14h e finalizou as
17h30. No primeiro dia a Casa do Hip Hop abriu o evento as 19h, fizeram um
grafite inspirado na feira e um bate-papo com as pessoas sobre graffiti, dança
e a história da Casa.
graffiti realizado pela casa do Hip Hop no evento SenAfro
Após a apresentação da Casa do Hip Hop o Professor Junior deu uma
palestra incrível sobre a cultura Africana, Batuque de
Umbigada, feminismo e outros assuntos referente ao evento.
Quarta-Feira 11/11/2015 - Segundo dia da SenAfro
Não houve guiamento no período da tarde, porque estávamos em VT. No
segundo dia o evento começou as 19h com a Escola de Capoeira Raiz de Angola com
o Mestre Zequinha, após a apresentação dos alunos o Mestre nos contou sua
história de vida e explicou como surgiu o interesse pela Capoeira e como isso
transformou sua vida, e também explicou o que é a capoeira angola.
Nosso docente Fabrício Medeiros é alunos do Mestre Zequinha há 20 anos
Palestra de Mestre Zequinha
Após a Escola de Capoeira Raiz de Angola a Ediana Raetano junto ao
Maicon Araki fizeram uma breve palestra sobre o Samba de Lenço e logo dançaram
e convidaram o público a participar.
Ediana e Maicon convidando o publico para dança
Publico da Feira SenAfro dançando Samba de Lenço
Maicon Araki já seguiu com o Maracatu, o grupo entrou no auditório do
Senac tocando e dançando, e contagiou a todos. Maicon falou pouco sobre o que
era o Maracatu, pois segundo ele era melhor mostrar do que falar, e logo em
seguida todos concordaram, pois, os visitantes puderam prestigiar a belíssima
cultura do Maracatu.
Caixeiros deixando suas marcas na SenAfro
Quinta-Feira 12/11/2015
- Terceiro e último dia da SenAfro
Tivemos a Dança Afro com a Professora Márcia que fez uma bela
apresentação e contou um pouco de sua história e como surgiu a Dança Afro.
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Professora Marcia encerrando sua apresentação |
Encerramos a SenAfro com uma roda de conversa com a participação do
Mestre Zequinha, Professor Fabrício Medeiros, Professora Márcia
Cristina Américo, Professora Carla Fray, Professora Márcia Maria Antônio e
Acácio Godoy da casa do Hip Hop e do CONEPIR.
A roda teve objetivo de interagir com o público sobre temas referente a
descriminação e preconceito os temas discutidos foram; limite de vagas para
quem declara ser afrodescendente em provas de cursos, concurso públicos e
faculdade, poucas verbas para eventos Afro, a influência negativa que a mídia
faz em propagandas e novelas em relação ao negro, e como ajudar crianças nas
escolas públicas a não sofrerem preconceitos.
Curiosidades
- O evento não foi remunerado, agradecemos a todos
que foram de coração aberto para o evento e fizeram palestras e apresentações
incríveis.
- Rita Aguilar e sua equipe da biblioteca nos
ajudou na organização do evento.
- O evento SenAfro foi o que mais marcou o curso para nós alunos e organizadores.
Não poderíamos deixar
de homenagear o professor Fabrício que deu a ideia da feira e nos auxiliou na
organização. Ele mostrou que temos uma linda cultura e que devemos apreciar e
valorizar mais. Fabrício é um ótimo professor, uma pessoa incrível, e ainda
carrega consigo a cultura afro-brasileira, é um profissional maravilhoso e
faz seu trabalho por amor. Deixamos aqui registrado nosso amor, admiração e
gratidão.